Um dia digno de nosta

Acordei hoje sem saber se vou me formar nessa semana ou só em Agosto. E, até o presente momento, ainda não sei. Mas resolvi fazer meu ritual de fim-igual-ao-início (TOC?) e peguei meu 910 rumo à Cidaduni. Claro que, sete anos depois, o trânsito piorou, os ônibus vão mais cheios e minha tolerância diminuiu, mas, apesar de ter avistado o 958 (devia ter descido), prossegui no meu TOC. Até Madureira tudo bem, na verdade, até Irajá. Mas já sabia que algo estava pra dar errado, e não foi a cracuda na Edgard Romero tacando uma pedra no ônibus que me indicou isso, foi o motorista do 910, falando ao celular “você só conseguiu chegar no ponto final agora? tô fudido” ou algo assim, a parte do tô fudido certamente ele não falou, mas o tom de voz dava essa impressão. Então, em Vicente de Carvalho, o ônibus ficou parad por 15 minutos, alguns desceram algo longo desse tempo, eu acho que fui na quarta ou quinta leva de desistentes. Segundo um passageiro, só melhorava na Avenida Meriti e, como quão distante dali essa avenida é (agora sei, graças ao Google Maps) e, mesmo que fosse perto, ainda provavelmente teria trânsito no caminho do trem (estação de Olaria), desci e andei até a estação de Irajá, para pegar o metrô. Não era longe dali, na verdade, a parte chata foi torrar 4 reais e 15 centavos à toa. Pelo menos o ar condicionado do metrô tava bom (acho que era um dos novos trens chineses) e não estava absurdamente cheio.  Eis uma animação do meu caminho de hoje:

Jacarepaguá Fundão via Vicente de Carvalho

Sobre a obra da Transcarioca (uma das motivações de pegar esse caminho, além, claro, da coisa romântica e poética de conectar o início ao fim), há um desvio na Rua Cândido Benício, pela Rua Pedro Teles, na altura da Praça Seca, na Rua Barão. O viaduto do mergulhão (lembrando do acidente do 328, mais um provando que, quando as coisas podem dar errado, vão dar errado em 2013) tem a tal proteção que evitaria o desabamento de veículos, assim como, ao contrário do que eu pensava, o já antigo viaduto Negrão de Lima.

2013 está sendo…

2013, até agora, está mostrando ser o ano do “o que deveria dar errado, deu errado”.  Eu, que reparo como as coisas acabam “dando certo”, mesmo com toda a avacalhação, vejo que isso ajuda a abrir os olhos da população, que gosta muito de “deixar nas mãos de Deus”, enquanto não exige seus direitos nem cumpre seus deveres… Porque só deus mesmo pra ter tantos avanços de sinais e não ter mais acidentes de trânsito, motoqueiros passando pela calçada e não ter tantos atropelamentos, favelas construídas ao acaso (e mesmo condomínios) sem ter deslisamentos… Vamos aos três exemplos:

1 – Santa MariaKiss Santa Maria

Ambiente fechado, escuro e com música alta, tudo pra dar errado… E deu. Aí, fez-se uma polêmica sobre todas as boates do Brasil, sendo que a maioria é ilegal, as poucas que são legais, funcionam nas coxas e uma pequena minoria ínfima realmente leva a sério o cliente. Aí fizeram uma medida paliativa aqui no Rio, pra inglês ver mesmo, fecharam as principais boates (as mais famosas), daqui a pouco estarão abrindo de novo, com a mesma estrutura de sempre. Enquanto isso, boates pé de chinelo continuam atuando por aí, colocando seu som alto, trancando pessoas com cigarro em ambientes fechados e usando a calçada para todos os propósitos – estacionamento, mesas.

2 – Avalanche do Grêmio
Avalanche Grêmio AcidenteOutra estupidez que sempre teve tudo pra dar merda… E só deu agora. Em que planeta deixam tanto tempo uma porrada de gente se jogar contra uma grade… Isso porque desmoronou devagar, mas, mesmo que não desabasse, poderiam sair pessoas esmagadas… Bom, esse é um risco que se assume quando se vai pra qualquer evento de grandes aglomerações… E seria bem pior se o muro também tivesse caído, daí.

3 – 1 milhão e meio de pessoas do Bola Preta

Bola Preta deu merda

Fiz questão de frisar o site onde tirei isso, “diversão”

Um porrilhão de pessoas sendo empurradas em uma só direção, não sei como não deu merda até hoje. Ah merda dava, mas eram merdinhas, dessa vez foi uma merda federal, a pm perdeu algumas viaturas, teve gente passando mal e aquela lutinha de rua clássica. É como o caso do Grêmio, quem vai, já está se expondo só por ser uma multidão… Mas, nesse caso, é uma multidão absurda. Recheada com o espírito de porco – que só vem aumentando – do carioca…

E assim vai se encaminhando o mundo pós-apocalíptico, temos ainda a expectativa do Elevado do Joá realmente ruir e podemos nos lembrar do bondinho de Santa Teresa, que, por muito tempo, foi levado nas coxas até o limite em que realmente deu merda. E da obra do edifício Liberdade, que ensinou (ou não) que obras precisam ser supervisionadas, que pedreiro pode até dar um jeitinho até certo limite, mas obras estruturais não podem ser levadas na malandragem… Quantos acontecimentos vamos precisar pra ensinar ao brasileiro que o jeitinho é uma idiotice (o improviso é bom, mas em outras situações, não quando envolve vidas), vamos precisar de muitos choques em fios por roubo de cabos, uso de pipas ou fiação clandestina?